terça-feira, 9 de setembro de 2014

Absentia




Quando choras cai no dia uma chuvada imensa
O frio impiedoso chega
O dia, que deixa de ser dia, envolve-se numa imensa escuridão
Porque o sol se extingue
Eu, caio com a chuva
Ou a chuva cai comigo
Nem sei se não sou eu que caio na chuva…
Só sei que caio num abismo imenso
Onde o amargo é extenso
E as flores murcham…

A tua ausência dilacera os sorrisos do mundo
As sortes são azares porque me tentam distrair de ti
Mas falham…porem pioram…pioram porque não estás aqui
Nada me serve se não partilhar contigo…

Quando adormeces no silêncio e eu adormeço silenciosamente
Oiço o choro da minha alma, um choro abafado, esganado de ar
As minha lágrimas jorram das paredes e caio na cama novamente
Mas a cama é cimento frio nessa altura e não há fogo que me abrigue desse gelo

Saio de mim e vou para a rua…nu…caminhar na noite escura e gelada
Como se fosse um zombie…como um misero agarrado em pura ressaca psicótica

O meu coração rebenta, e para meu azar recompõem-se para rebentar novamente
Os meus olhos quase reviram, mas mantêm-se firmes no horizonte
Enchem-se de lágrimas e queimam-me a cara
Já não sou ninguém, já não sou nada

Quando volto a casa? Quando volto a mim? Não sei…acordo no dia seguinte na cama
Com cicatrizes que só eu vejo…que só eu sinto….
Eu sou assim sem ti…eu sou assim quando não minto…

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Absolvitur



A Ignorância galopa o meu ser pertinaz
Pobre de mim!
Pobre tolaz!

Não soubesse o pouco que sou
Julgaria em mim, um alguém!
Mas a realidade me mediou
Lembrou em mim que sou ninguém!

Mas por ninguém ser
Não se me trava a fala
O querer não se resvala
E por crer
Ninguém me cala
Agora, até a desgraça veste gala

Mas, no tabuleiro, entre peças e espaços
Entre colchas e aços
Não me importa os males que sofra
Ou sofri
Pois só quero paz
Só te quero a ti!

quinta-feira, 27 de março de 2014

Fado Torpe



Ouço suave e docemente o triste fado da bela arpa
Quem a toca é o destino
Que me atinge a cada farpa

Toca a preguiça e a megalomania
Toca a ilusão e a irresponsabilidade
Oh! E a gorda luxuria!
Essa toca-a nos intervalos de cada musica...
É extenuante...

Oh, Destino flamejante
Dá-me folga! Ou concede-me um ajudante
Mais um...manda um que me impossibilite de falhar
Mas que o consiga sem me castigar!

Oh! A saudade da minha inconsequência segura
A saudade da almofada de abundância
Como me faz falta beber dessa liberdade e sorte
Como me dilacera a secura
Que me leva o norte...

Oh! se ao menos tivesse eu a sorte
Mas se era a vida um baralho
Seria eu a carta da Morte

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Voltar a Casa




Corro sôfrego e continuamente
Corro como a ventania descontente
Caminho ao desespero por despertar mais uma vez só
DEIXEM-ME VOLTAR PARA CASA!
TENHAM DE MIM DÓ!

Quero voltar a casa onde renasci, voltar atrás, voltar a mim
Chegar ao destino...chegar ao fim
Quero queimar a água e beber o fogo
Quero respirar a terra e no ar caminhar com desafogo
Desejo poder parar de correr...
Chegar...
Pretendo parar de morrer...
Respirar...
Que fiz eu para um caminho tão íngreme assim?!
DEIXEM-ME VOLTAR A CASA!
TENHAM DÓ DE MIM!

Eu sei o caminho e conheço a sua sinuosidade
Mas desconheço-o por inteiro na integra da verdade
Sei apenas que o faço sem o saber
E por muitas curvas que tenha, atravesso-o em recta por querer
Por não ter medo de perder...
Mas procurar parar de sofrer
O sofrimento de não chegar a casa....
Porquê? Porque é que o meu caminho desdenham?!
DEIXEM-ME VOLTAR A CASA!
DÓ DE MIM TENHAM!

Estar longe da vida, um sofrimento atroz...
Grito pedindo para chegar a casa...até que me doa a voz...
Desentendido pelo motivo que nos mantêm separados...
Porquê?! Porque é que estamos em diferentes lados?!
Não aguento mais estar assim...
DEIXEM-ME VOLTAR A CASA!
DEIXEM-ME VOLTAR A MIM!

domingo, 14 de abril de 2013

A semente do Fogo




Marcaste o Futuro
Cunhas-te o agora e o antes
Purificaste o impuro
Quando choveram diamantes

Sagraste-te divina
Quando te vi as faces e o sorriso
Tornaste-te doutrina
Criaste o meu paraíso
És o caminho que procuro
Passaste a ser vida minha
Asseguraste o inseguro
Não mais andei de alma sozinha

Não sendo tu desde sempre
Já o eras sem saber
Eras em mim a semente
Que deixou minha alma a arder!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Vazio






Quando seca a fonte
E o nada aparece de fronte
Me beija o vazio com árida boca
As pedras são pó
E ao longe, Caronte
Me espera desnudo e só

Areia negra como as nuvens no céu...
Carvão nas mãos e nos olhos o sal
Uma névoa como véu
E uma dor colossal
Sensação inexistente que permanece no mal

A invisível sensação que me consome
O apedrejamento da alma morta
A sensação da barriga cheia, consumida pela fome
A sinuosidade da rua torta

Á espera da luz que aquece
No chão frio que não esmorece
Sou aquele que o tempo esquece

Nesse luar em que anseio meu lar
Anseio partir e chegar...

Luz...vem-me buscar

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A cada dia




Mais que os tormentos são as saudades
E superam as tristezas as felicidades
Não diria que é porque te faço feliz
Mas porque tu me fazes a mim
Sim...porque me fazes sorrir sem medir nada
Porque me fazes voar como se fosses uma fada
Desde que nos cruzamos deixaste-me assim...
Ainda hoje me admiro como tal sentimento cabe dentro de mim...

Confesso que nem todos os dia olho para trás profundamente
Mas acredita que olho sempre...
E quando esgravato a minha mente...
oh...quando esmiúço a minha loucura e inconsciência...
Em mim se insurge a emergência...
A necessidade de meus olhos provarem o sal da água
De vidrarem o vermelho do sangue e penso:
"Fui tão feliz"
Sortudo como mais nenhum...
Aquele que presenciou o descolar dos colibris...

Talvez não o faça sempre, ou não o faça o suficiente
Mas tento a cada dia e seja a resposta qual for
Ao mais pequeno alvor
Suplico que acabe o suplicio e que sejas apenas feliz
Rezo para consegui-lo e para ser beliz
O suficiente para te admirar mais vezes quando sorris