segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Hoje...
Hoje...hoje, é dia de nada
É dia de vazio, é dia de água
Hoje, é dia das lágrimas caírem
Dos sorrisos ruírem
E eu...e de eu ficar calado
Ficar isolado
Calar o desespero
E ficar parado
Hoje, olharei no vazio
Aquecerei no frio
E esmorecerei o vidro
Desgastarei essa parede invisível
Partirei a linha ténue e sensível
Que separa o bom do terrível
E farei a fusão
Farei o perfeito e a erosão
A calmaria de um furacão
Neste dia, lançarei pedras ao vento
Cuspirei na terra e no cimento
Saltarei o asfalto e a escuridão
Entregar-me-ei a luz da vegetação
Hoje, vou ser Druida
Vou ser a natureza e a impureza
Hoje, serei o verde e a negrura
A água e a secura
Hoje? Oh, hoje eu serei o estrume na lama
Serei a putrefacção do espírito impuro
E a pureza da água da vida
Hoje, serei seco como um murro
Serei tela preta e colorida...
Pois sou o ser que por aí erra...
Sou o baixo do céu e o alto terra...
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
O meu caminho
Há caminhos fáceis
Há caminhos difíceis
Há o caminho dos outros
E depois...depois há o nosso caminho
O caminho de cada um...a tarefa de nos mexer-mos no escuro
O andar sem destino e poder bater no muro...
E eu? Neste caminho meu...quanto duro?
O que é realmente o meu singular caminho?
Confesso que seria impossível se o fizesse sozinho...
Mas para alem disso...fora a luz que me faz andar
Fora aquele amor e carinho...
Saberei eu retribuir, proteger, agradar?
Questiono-me muitas vezes...peço e esforço-me para conseguir
Mas o "mal" de acabar uma acção é "o que fazer a seguir?"...
Bem...não que não saiba o que fazer
Mas fora isso...saberei eu merecer?
Isto é, serei eu suficiente para encher a medida?
Não farei eu um falhanço da minha vida?
Não posso...não pode ninguém!
Jamais deixarei a minha vida olhá-la com desdém!
Quero conseguir muito para lhe dar mais ainda
Quero dar-lhe tudo, uma felicidade que nunca finda
Graças a ela...o meu caminho é mais fácil
O Céu brilha mais vezes e o meu coração é menos frágil
Graças a ela a minha vida também sorri
E foi com ela que o mundo consegui
Devo-lhe muito, mais do que ela imagina
Se a vida é uma dor, ela é a morfina...
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
O que interessa
Sempre vivi a base do sonho
Da fé contra o falhanço medonho
Do sorriso de um vizinho risonho
Da felicidade que em cada um punha ou ponho
Mas nunca vivi de aparências
Nunca existi para fingimentos
Sempre me concentrei em resistências
E residi nos meus próprios alentos
Pois um dia chegaria o que eu estava a espera
Porque chegaria o dia em que arrancaria os cornos da fera
O dia chegou e a maior fera de todas já encostei
Pode parecer presunção mas essa batalha já ganhei
ENCONTREI!
Finalmente tenho em mãos o que mais desejei
Agora sim, fico e não fugirei
Ainda não tenho tudo mas já sou Rei
Dono e senhor de uma felicidade sem lei
Porque tudo o que recebo é tudo o que dei
Por fim...este barco partiu do cais
Na aventura que sempre quis por demais
Tal vitória, que não voltarei...jamais!
Não tornarei a esses mundos ditos reais!
Nada me importa...nessas vidas gerais...
Para quê fingir que algo me interessa
Se só tu me atrais?
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
A Bailarina no meu peito
Escorrega no ar e trespassa a terra
Voa na água graciosa, e berra!
Grita a vida e a fortuna
Vocifera a felicidade oportuna
A bailarina que me baila no peito
Canta e alegra de sorriso perfeito
O bailado que escorrega nos olhos, no parapeito
Que espande o meu corpo pequeno e estreito
De movimentos doces como os seus olhos
Desenha movimentos simples e divinais
E sem saia nem folhos
É dona de todas as felicidades reais
É a bailarina do meu peito e baila suave e a jeito
Pronta para me fazer voar ainda sendo eu imperfeito
Faz-me feliz porque dança todos os dias assim
Faz de mim sortudo porque dança só em mim
Chamava-te estrela mas és muito mais do que isso
Essa luminosidade é o ponto que não passa submisso
Não és luz de fundo
És luz do mundo
E sem esse calor eu era mais um defunto
Iluminas qualquer quarto escuro
Por isso nunca me escondo
Sou pouco maduro
Mas sempre me encontro
Porque a tua luz me deixa a nu
Por isso oscilo mas não parto, como o bambu
O meu segredo? Eu diria que és tu
Se não, seria tão forte este sentimento cru?
Cru, em bruto e solido como um diamante
Gigante e esplendoroso e ainda mais brilhante
E não obstante
Quase por inteiro escondido de qualquer vigilante
É curioso porque não sei como se esconde luz tão grande
Não que não seja visível, mas porque o total colosso nem brande
Nem é visto por marinheiro nem astrónomo
Tem ritmo, mas sem se reger por metrónomo
É musica surda e luz invisível
É a esperança do futuro e a aparição do bom e imprevisível
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