terça-feira, 20 de agosto de 2013

Voltar a Casa




Corro sôfrego e continuamente
Corro como a ventania descontente
Caminho ao desespero por despertar mais uma vez só
DEIXEM-ME VOLTAR PARA CASA!
TENHAM DE MIM DÓ!

Quero voltar a casa onde renasci, voltar atrás, voltar a mim
Chegar ao destino...chegar ao fim
Quero queimar a água e beber o fogo
Quero respirar a terra e no ar caminhar com desafogo
Desejo poder parar de correr...
Chegar...
Pretendo parar de morrer...
Respirar...
Que fiz eu para um caminho tão íngreme assim?!
DEIXEM-ME VOLTAR A CASA!
TENHAM DÓ DE MIM!

Eu sei o caminho e conheço a sua sinuosidade
Mas desconheço-o por inteiro na integra da verdade
Sei apenas que o faço sem o saber
E por muitas curvas que tenha, atravesso-o em recta por querer
Por não ter medo de perder...
Mas procurar parar de sofrer
O sofrimento de não chegar a casa....
Porquê? Porque é que o meu caminho desdenham?!
DEIXEM-ME VOLTAR A CASA!
DÓ DE MIM TENHAM!

Estar longe da vida, um sofrimento atroz...
Grito pedindo para chegar a casa...até que me doa a voz...
Desentendido pelo motivo que nos mantêm separados...
Porquê?! Porque é que estamos em diferentes lados?!
Não aguento mais estar assim...
DEIXEM-ME VOLTAR A CASA!
DEIXEM-ME VOLTAR A MIM!

domingo, 14 de abril de 2013

A semente do Fogo




Marcaste o Futuro
Cunhas-te o agora e o antes
Purificaste o impuro
Quando choveram diamantes

Sagraste-te divina
Quando te vi as faces e o sorriso
Tornaste-te doutrina
Criaste o meu paraíso
És o caminho que procuro
Passaste a ser vida minha
Asseguraste o inseguro
Não mais andei de alma sozinha

Não sendo tu desde sempre
Já o eras sem saber
Eras em mim a semente
Que deixou minha alma a arder!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Vazio






Quando seca a fonte
E o nada aparece de fronte
Me beija o vazio com árida boca
As pedras são pó
E ao longe, Caronte
Me espera desnudo e só

Areia negra como as nuvens no céu...
Carvão nas mãos e nos olhos o sal
Uma névoa como véu
E uma dor colossal
Sensação inexistente que permanece no mal

A invisível sensação que me consome
O apedrejamento da alma morta
A sensação da barriga cheia, consumida pela fome
A sinuosidade da rua torta

Á espera da luz que aquece
No chão frio que não esmorece
Sou aquele que o tempo esquece

Nesse luar em que anseio meu lar
Anseio partir e chegar...

Luz...vem-me buscar

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A cada dia




Mais que os tormentos são as saudades
E superam as tristezas as felicidades
Não diria que é porque te faço feliz
Mas porque tu me fazes a mim
Sim...porque me fazes sorrir sem medir nada
Porque me fazes voar como se fosses uma fada
Desde que nos cruzamos deixaste-me assim...
Ainda hoje me admiro como tal sentimento cabe dentro de mim...

Confesso que nem todos os dia olho para trás profundamente
Mas acredita que olho sempre...
E quando esgravato a minha mente...
oh...quando esmiúço a minha loucura e inconsciência...
Em mim se insurge a emergência...
A necessidade de meus olhos provarem o sal da água
De vidrarem o vermelho do sangue e penso:
"Fui tão feliz"
Sortudo como mais nenhum...
Aquele que presenciou o descolar dos colibris...

Talvez não o faça sempre, ou não o faça o suficiente
Mas tento a cada dia e seja a resposta qual for
Ao mais pequeno alvor
Suplico que acabe o suplicio e que sejas apenas feliz
Rezo para consegui-lo e para ser beliz
O suficiente para te admirar mais vezes quando sorris

Raízes






Hoje, talvez mais do que nunca quero voltar as origens
Quero voltar a inocência e ao dia em que as palavras eram isso mesmo
Palavras...significavam o que se ouvia
Dizia-se o que se sentia
Naquele tempo em que nada me fugia...

Hoje, o chão foge-me dos pés vezes que nem consigo contar
Agora, que corro a outras velocidades já começo a suar
Hoje, as palavras são sentidas mas por vezes apenas eu as percebo
Agora, cada vez que abro a boca sinto o medo...
O medo de não me fazer entender
Que não sintam as minhas palavras como as sinto
Medo do mundo me esquecer
O receio de não verem o que pinto

Hoje, perco-me e nem sempre há alguém que me guie
Porque agora há caminhos que apenas eu faço
Caminhos que apenas podem ser meus e de mais ninguém
Caminhos cheios de nada e de desdém

Hoje, sinto vontade de voltar as raízes...
De curar as cicatrizes
E continuar pertinaz
Hoje, desejo não haver juízes
Que todos sejam felizes
E ficar em paz

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Hoje...




Hoje...hoje, é dia de nada
É dia de vazio, é dia de água
Hoje, é dia das lágrimas caírem
Dos sorrisos ruírem
E eu...e de eu ficar calado
Ficar isolado
Calar o desespero
E ficar parado

Hoje, olharei no vazio
Aquecerei no frio
E esmorecerei o vidro
Desgastarei essa parede invisível
Partirei a linha ténue e sensível
Que separa o bom do terrível
E farei a fusão
Farei o perfeito e a erosão
A calmaria de um furacão

Neste dia, lançarei pedras ao vento
Cuspirei na terra e no cimento
Saltarei o asfalto e a escuridão
Entregar-me-ei a luz da vegetação
Hoje, vou ser Druida
Vou ser a natureza e a impureza
Hoje, serei o verde e a negrura
A água e a secura

Hoje? Oh, hoje eu serei o estrume na lama
Serei a putrefacção do espírito impuro
E a pureza da água da vida
Hoje, serei seco como um murro
Serei tela preta e colorida...
Pois sou o ser que por aí erra...
Sou o baixo do céu e o alto terra...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O meu caminho




Há caminhos fáceis
Há caminhos difíceis
Há o caminho dos outros
E depois...depois há o nosso caminho

O caminho de cada um...a tarefa de nos mexer-mos no escuro
O andar sem destino e poder bater no muro...
E eu? Neste caminho meu...quanto duro?
O que é realmente o meu singular caminho?
Confesso que seria impossível se o fizesse sozinho...
Mas para alem disso...fora a luz que me faz andar
Fora aquele amor e carinho...
Saberei eu retribuir, proteger, agradar?

Questiono-me muitas vezes...peço e esforço-me para conseguir
Mas o "mal" de acabar uma acção é "o que fazer a seguir?"...
Bem...não que não saiba o que fazer
Mas fora isso...saberei eu merecer?
Isto é, serei eu suficiente para encher a medida?
Não farei eu um falhanço da minha vida?
Não posso...não pode ninguém!
Jamais deixarei a minha vida olhá-la com desdém!

Quero conseguir muito para lhe dar mais ainda
Quero dar-lhe tudo, uma felicidade que nunca finda
Graças a ela...o meu caminho é mais fácil
O Céu brilha mais vezes e o meu coração é menos frágil
Graças a ela a minha vida também sorri
E foi com ela que o mundo consegui
Devo-lhe muito, mais do que ela imagina
Se a vida é uma dor, ela é a morfina...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O que interessa




Sempre vivi a base do sonho
Da fé contra o falhanço medonho
Do sorriso de um vizinho risonho
Da felicidade que em cada um punha ou ponho

Mas nunca vivi de aparências
Nunca existi para fingimentos
Sempre me concentrei em resistências
E residi nos meus próprios alentos
Pois um dia chegaria o que eu estava a espera
Porque chegaria o dia em que arrancaria os cornos da fera

O dia chegou e a maior fera de todas já encostei
Pode parecer presunção mas essa batalha já ganhei
ENCONTREI!
Finalmente tenho em mãos o que mais desejei
Agora sim, fico e não fugirei
Ainda não tenho tudo mas já sou Rei
Dono e senhor de uma felicidade sem lei
Porque tudo o que recebo é tudo o que dei

Por fim...este barco partiu do cais
Na aventura que sempre quis por demais
Tal vitória, que não voltarei...jamais!
Não tornarei a esses mundos ditos reais!
Nada me importa...nessas vidas gerais...
Para quê fingir que algo me interessa
Se só tu me atrais?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A Bailarina no meu peito





Escorrega no ar e trespassa a terra
Voa na água graciosa, e berra!
Grita a vida e a fortuna
Vocifera a felicidade oportuna

A bailarina que me baila no peito
Canta e alegra de sorriso perfeito
O bailado que escorrega nos olhos, no parapeito
Que espande o meu corpo pequeno e estreito

De movimentos doces como os seus olhos
Desenha movimentos simples e divinais
E sem saia nem folhos
É dona de todas as felicidades reais

É a bailarina do meu peito e baila suave e a jeito
Pronta para me fazer voar ainda sendo eu imperfeito
Faz-me feliz porque dança todos os dias assim
Faz de mim sortudo porque dança só em mim



Chamava-te estrela mas és muito mais do que isso
Essa luminosidade é o ponto que não passa submisso
Não és luz de fundo
És luz do mundo
E sem esse calor eu era mais um defunto

Iluminas qualquer quarto escuro
Por isso nunca me escondo
Sou pouco maduro
Mas sempre me encontro
Porque a tua luz me deixa a nu
Por isso oscilo mas não parto, como o bambu

O meu segredo? Eu diria que és tu
Se não, seria tão forte este sentimento cru?
Cru, em bruto e solido como um diamante
Gigante e esplendoroso e ainda mais brilhante
E não obstante
Quase por inteiro escondido de qualquer vigilante

É curioso porque não sei como se esconde luz tão grande
Não que não seja visível, mas porque o total colosso nem brande
Nem é visto por marinheiro nem astrónomo
Tem ritmo, mas sem se reger por metrónomo
É musica surda e luz invisível
É a esperança do futuro e a aparição do bom e imprevisível